Cafu: da periferia para o mundo
Jogador visita Jardim Irene e relembra a infância e juventude no bairro
Cafu carrega o nome da Fundação na camisa: “Mais um sonho realizado”
Quem via o garoto Marcos Evangelista de Moraes jogar nos campos de terra do Jardim Irene, periferia da zona sul, não imaginava que ele saltaria da terra batida para os gramados de grandes clubes. Na época, apenas um menino, como muitos outros, com muita vontade de se tornar um grande jogador de futebol.
A paixão pelo esporte, como Cafu mesmo diz, sempre esteve no sangue. “Essa paixão é antiga, desde que nasci. Eu nasci na época da Copa de 70 e já nasci com a bola nos pés”, afirma.
A infância, marcada pelas partidas no bairro e por outras lembranças. “Várias épocas me marcaram no Jardim Irene, como quando eu jogava bolinha de gude com os amigos, as brincadeiras, o futebol, tantas coisas”, relembra.
Do Nacional, onde iniciou a carreira, à Portuguesa, Itaquaquecetuba, São Paulo, Zaragoza, Palmeiras, Roma, Milan e, claro, 140 partidas pela Seleção Brasileira.
Entre tantos desafios e conquistas, ele não se esquece de um momento. “O mais marcante, com certeza foi quando eu ergui a taça na Copa de 2002”. O nome do bairro, que nunca foi notícia, passou a ser visto pelo mundo todo, 100% Jardim Irene. Foi o que Cafu escreveu na camisa da seleção brasileira quando ergueu a taça, como capitão da equipe.
Um velho sonho realizado
Em 2004 surgiu a idéia de criar uma instituição que beneficia a comunidade do bairro onde cresceu. Assim nasceu a Fundação Cafu, que hoje atende a mais de 600 crianças, jovens e adultos do Jardim Irene e de outros bairros vizinhos. Em comemoração ao dia das crianças, a instituição realizou várias atividades no dia 10 de outubro, quando Cafu esteve presente.
Juan Carlos Almeida Silva, de 12 anos, participa dos projetos da Fundação. Todos os dias, há quatro anos, ele acorda cedo para aprender capoeira, futsal e artes, depois vai direto para a escola. Quando perguntado se ainda joga futebol na rua, ele responde: “Não tenho mais tempo, jogo futsal na Fundação. Gosto muito das aulas, prefiro jogar lá que jogar na rua”. A mãe, Cleide Silva, concorda. “Com essas coisas, a criança aprende a ter responsabilidade, não dá tempo nem de ficar na rua”, afirma.
“O que é mais gratificante é ver que essas crianças aprendem, se desenvolvem”, diz o jogador.
Como um jovem da periferia, Cafu afirma que passou por muitas dificuldades, mas dá um conselho: “Sigam em frente, aprendendo, se desenvolvendo. Nunca se envolvam com drogas e continuem na luta por seus sonhos”, conclui.
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