sábado, 31 de outubro de 2009

Matéria 12 - Editoria Torcida

Silva, do Rio Claro: 20 anos vestindo a camisa do clube
A foto favorita de Silva, no time, o quinto em pé, da esquerda para a direita

Uma camisa e uma calça azul e branca. Este é o uniforme do dia-adia de Severino Santos Silva, 56 anos, ou Silva do Rio Claro, como é conhecido. Futebol é com ele mesmo. Silva criou há 20 anos,com alguns amigos, o Rio Claro F.C, clube de futebol de várzea do bairro Jardim Rio Claro, em São Mateus, zona leste.

A ideia surgiu logo depois que várias famílias vieram fazer parte do Promorar, conjunto habitacional da região. “No Promorar não tinha nada de esporte, então decidimos criar o clube. Depois, resolvemos criar a categoria juvenil, porque as crianças não tinham opções de lazer”, conta ele.

Com o d i n h e i r o da rifa de um violão e um relógio, compraram o primeiro uniforme do time, que Silva veste com orgulho para acompanhar o clube nas partidas contra times dos bairros vizinhos de São Rafael, Colonial, Iguatemi, Fazenda do Juta, Nove de Julho, São Gonçalo, entre outros.

Não é só com os times vizinhos que o Rio Claro joga. Há partidas com clubes de várzea de outras regiões. Numa destas que o time conquistou uma vitória na Copa Leidiane–Kaiser de Futebol Varzeano. O clube também está na seletiva para a próxima Copa Kaiser, que reúne times da grande São Paulo e é uma das mais disputadas pelos clubes amadores.

Cerca de 210 pessoas fazem parte do Rio Claro F.C e jogam em uma das quatro categorias do time: Cai da cama, para os que jogam ao raiar do dia e já passaram dos 50, veterano, para os jogadores acima de 35 anos, esporte, para os que têm entre 16 e 35 anos e juvenil, para os jovens e crianças.

“A nossa intenção é trazer mais esporte e lazer, principalmente para as crianças. Nós estamos incentivando outros times a abrirem espaço para elas. Há muitos times para os adultos, mas para as crianças, não”, conta Silva, que tinha acabado de chegar de um campeonato com os pequenos.

Silva se orgulha do caminho que os meninos tomaram. Dois deles já passaram a jogar na modalidade juvenil do Palmeiras, outros continuam na busca do sonho, mas para ele o mais importante é que esses garotos se tornem pessoas de bem. “Às vezes não conseguimos fazer um profissional, mas um pai de família”, explica.

O futebol é responsável por grandes mudanças na vida de Silva. Uma delas é o abandono do álcool, pelo qual foi dependente por muitos anos. “O futebol foi quase tudo na minha vida. Se hoje eu sou o Silva do Rio Claro é por causa do futebol”, conclui.

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