segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Matéria 1 - editoria Eu curto!

Periferia na avenida
Leandro de Itaquera escolhe periferia como enredo do carnaval 2009

O programa apresentado por Regina Casé serviu como inspiração para o enredo da escola


O trabalhador que sobe o morro todos os dias, o rapper que compõe suas músicas, o migrante nordestino, o jogador dos campos de várzea. Esses e tantos outros personagens desfilam no sambódromo no próximo carnaval.

Inspirado no programa Central da Periferia, da TV Globo, o enredo da Leandro de Itaquera traz a atriz e apresentadora do programa, Regina Casé, como Rainha de bateria. Depois de dois anos, a escola de samba volta ao grupo de elite e se apresenta no primeiro desfile de sábado. O enredo deste ano é “Leandro de Itaquera faz a festa da periferia, salve, salve a nossa rainha Regina Casé ”.

No dia 11 de outubro a atriz visitou a escola, que fez um concurso para escolher o samba do próximo carnaval. Quatro composições concorriam ao enredo, todas sobre periferia. A música vencedora foi a dos compositores Xixxa, Juba, Didi Poeta, André, Wagner, Gêmeos e Gomes.

Os preparativos, as fantasias e os ensaios continuam cada vez mais fortes. “Estamos empenhados em desenvolver um excelente espetáculo, com cores e brilhos. Será um dos maiores carnavais vistos por todos, nosso hino, a nossa oração será, com certeza um samba inesquecível”, afirma o presidente da escola, Leandro Alves Martins.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Enfim, o jornal



No final de outubro concluímos o jornal Voz da Periferia. São 16 páginas de matérias focadas nas periferias e comunidades paulistanas. Logo postaremos todas as matérias aqui. O jornal está disponível em PDF, no link abaixo.

A vida no Buzão - Artigo do escritor e apresentador da TV Cultura, Alessandro Buzo

Editorial - Izabela Vasconcelos e Priscilla Mendes

Seu Espaço (charge, foto, dica e reclamações dos leitores)

Eu curto!

Periferia na avenida - Leandro de Itaquera escolhe periferia como o enredo do carnaval 2009

Diversão não vai faltar! - Agenda Cultural da Periferia traz os principais eventos em diversos bairros

Voz Ativa

Associações Comunitárias : Saiba colaborar com o seu bairro - Trabalho dos moradores beneficia periferia e traz melhorias à população

Nas ondas do Rádio - Reclame, sugira e se divirta ouvindo o som do seu bairro

Viva Saúde

Aprenda a se prevenir contra o inimigo do peito - índice de morte por câncer de mama aumentou 68% no Brasil, doença é a que mais mata entre as mulheres

Saúde na terceira idade - Saiba como melhorar a qualidade de vida com a Medicina Tradicional Chinesa

2008: ano do saneamento básico? - Problema que atinge 47% da população brasileira e mata 15 mil por ano, ganha um ano de celebração

Sua chance!

Agência gratuita oferece cursos e orientação profissional - Além de buscar vagas, interessados podem aprender a elaborar currículos e a se comportar em entrevistas e dinâmicas

Vida real

Drogas, e agora? - A história de quem vive ou já viveu o drama e o mais importante: como lidar com a situação

É correto dar esmolas?

Torcida

Futebol também é história - Um museu dedicado à paixão dos brasileiros

Silva, do Rio Claro: 20 anos vestindo a camisa do clube

Cafu: da periferia para o mundo - Jogador visita Jardim Irene e relembra a infância e juventude no bairro

Ele faz o que parece impossível - Atleta sem as pernas exibe talento nas quadras

Basquete de Rua: Brasilândia é forte no esporte

Seu bolso

Economize na compra da cesta básica - Pesquisando bem é possível poupar mais de mil reiais por ano

Aprenda a se vestir com pouco dinheiro - No brechó da Inês, na periferia da zona sul de São Paulo, você consegue encontrar roupas de marca por até R$ 2,00

Armazenamento doméstico: Você já ouviu falar? - Técnica faz com que alimentos por muitos anos e sejam úteis em momentos de maior necessidade

Fala aí!

O catador de sonhos - Um cinema feito com materiais encontrados no lixo já fez os olhos de muitas crianças brilharem na periferia de Taboão da Serra

O jornal finalizado está disponível para download no seguinte endereço:

OBS: Continuamos recebendo informações sobre as novidades que acontecem na periferia, e continuaremos atualizando o blog.

sábado, 4 de outubro de 2008

A matéria mais difícil


Por Priscilla Mendes

Na verdade nem sei por onde começar, a única coisa que sei é que tudo que presenciei e vivi hoje irei guardar para o resto da minha vida, quero contar para os meus futuros filhos e bem mais futuros, netos. Passei a enxergar a vida com outros olhos, porque além de passar por uma prova, estive ao lado de pessoas maravilhosas, batalhadoras e que mostraram que nunca devemos desistir dos nossos sonhos e principalmente que devemos lutar dia-a-dia como se aquele instante fosse o último de nossas vidas.

Passei por uma prova e conheci pessoas especiais, graças ao jornal Voz da Periferia que me ensina coisas novas diariamente, que me ensina o que é ser jornalista, o verdadeiro significado de jornalismo popular e principalmente que humildade é a melhor virtude que o homem deve ter.

Hoje, quando acordei, era uma pessoa e agora que escrevo sou outra, comecei o meu dia bem cedinho, como sempre, mas não imaginava que o meu dia seria tão diferente dos outros. As 08h30min da manhã agendei uma entrevista com o Cristiano, 27 anos e morador do extremo sul da periferia de São Paulo. Ao chegar fui recepcionada por um homem "igual" aos outros, ele vestia uma calça preta, uma camiseta azul do Brasil e um sapato preto, até então normal. Desci as escadas da casa dele e entrei na sala e lá iniciamos um bate papo que não esquecerei nunca.

Cristiano nasceu com as duas pernas sem perônio – o osso externo que liga o joelho ao tornozelo. Estava condenado à uma vida inteira na cadeira de rodas, ou à amputação das duas pernas, abaixo do joelho. Para abrir caminho à tecnologia das próteses, dona Nilzete, mãe de Cristiano, decidiu que deveria ser amputada as pernas do seu filho, e naquele instante nasceu um homem igual aos outros, apenas com duas pitadas de diferença.

Desde os 6 anos de idade, mesmo sem as duas pernas, Cristiano joga futebol na quadra e no campo e, detalhe, apenas ele no time tem deficiência física. Além de jogar futebol e participar de campeonatos regionais, ele trabalha, faz faculdade de teologia, nas horas vagas gosta de mexer em motores de carro e também prática natação. Hoje ele também vê a vida de outra forma, há dois anos atrás ele traficava, era usuário de cocaína, já foi pichador e também já esteve preso. Conversei com ele uma hora e meia, tirei fotos dele, medalhas, troféus e saí de lá com um exemplo de vida.

Se não bastasse só um exemplo, fui para o Centro de São Paulo à procura de pedintes para fazer outra matéria, ao chegar abordei um morador de rua, só que ele não quis falar comigo porque disse que só falava inglês. Aí conversei com outros dois moradores de rua que são pedintes. Sem eu saber Deus tinha colocado no meu caminho duas pessoas brilhantes. Carlos, 23 anos, morou 2 anos na rua e há 7 dias retornou e Ana Paula, 39 anos, ex moradora de rua e ex usuária de crack, só que hoje ela ainda vive na rua para tentar tirar das drogas a pessoa que a incentivou a sair, que é o marido viciado em crack. Cada um contou algumas histórias, mas a história que mais mexeu comigo foi a do Anjo da Sé, um morador de rua que vive pedindo esmolas, mas todas as manhãs ele pega o dinheiro arrecadado e compra duas formas de bolo, que a Ana Paula faz para vender nos pontos de ônibus, ao comprar os bolos ele sai distribuindo para os outros moradores de rua.

Todas essas histórias foram mexendo a minha cabeça no decorrer do dia, só que eu tinha pela frente o grande teste. Sei que muitas pessoas se tornam pedintes porque precisam como é o caso do Anjo da Sé, mas outras abusam da boa fé e pedem porque querem ou até mesmo utilizam crianças para arrancar dinheiro das pessoas. Eu tinha que saber qual era a sensação de ser pedinte e o valor que eles conseguem arrecadar em média por dia e por isso resolvi me passar por pedinte.

A sensação foi terrível, confesso que foi a pior que já tive até hoje. Ao me vestir "estranha" as pessoas me olhavam como se eu fosse um E.T, sem ter em mente o que dizer, entrei de cabeça baixa na lotação e comecei a falar: "BOA TARDE PASSAGEIROS, DESCULPE INCOMODAR A VIAGEM DE VOCÊS, MAS VENHO AQUI PARA PEDIR AJUDA DE CADA UM, ESTOU DESEMPREGADA E OS MEUS PAIS SÃO DE IDADE E NÃO CONSEGUEM ARRUMAR EMPREGO. EU TENHO 4 IRMÃOS MAIS NOVOS E EU SOU A MAIS VELHA E É TERRIVEL VER OS MEUS IRMÃOS PEDINDO AS COISAS E MAIS TERRIVEL AINDA É VER OS MEUS PAIS CHORANDO SEM PODER DAR O QUE OS MEUS IRMÃOS PEDEM. MEUS PAIS POR SEREM DE IDADE PRECISAM DE REMÉDIOS E EU NÃO POSSO AJUDAR, EM CASA NÃO TEMOS NADA PARA COMER E ESSE FOI O ÚNICO JEITO QUE ENCONTREI, ACEITO QUALQUER COISA, ATÉ MESMO QUEM TIVER ALGO DE COMER EU ACEITO". De cabeça baixa e com voz de choro pela sensação, consegui arrecadar algumas moedas. Ao recolher o dinheiro as pessoas me olhavam com desprezo, com nojo, pena e cada vez a vontade de chorar era maior.

Fiquei na 1ª viagem seis minutos e foram os mais longos da minha vida, quando desci da lotação a única coisa que fazia era chorar, porque nunca imaginei que passaria por essa situação e que a experiência seria tão dolorosa e triste. A vergonha que senti, a humilhação que passei marcou a minha vida. Sou contra quem dá dinheiro aos pedintes, afinal gera até a exploração de crianças, mas hoje senti e vi de perto o que as pessoas que realmente precisam passam.

Priscilla Mendes

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Jornalismo Participativo


Além das editorias de saúde,cultura, trabalho e educação, política, dinheiro e esporte, o jornal Voz da Periferia também abrirá uma página inteira para a contribuição dos leitores. É uma forma de aproximação interessante entre o jornal e a comunidade. Veja como será esta página:

Espaço do leitor (página 3)


Minha charge
Espaço reservado para que qualquer leitor, que goste de desenhar, possa enviar charges criadas por ele.

Minha foto
Espaço reservado para a publicação de fotos das comunidades dos leitores, com breve legenda.

Acontece no meu bairro
Nesta área o leitor poderá enviar um pequeno texto, cerca de duas linhas, sobre algum evento ou ação interessante realizada no seu bairro, tais como: projetos, programas culturais, campanhas educativas, etc.

Minha dica
Qualquer leitor poderá enviar uma dica de algo que entenda ou ache interessante em diversas áreas: educação, saúde, cultura, meio ambiente, economia, etc.

Palavra do leitor
Espaço reservado para o leitor fazer críticas, sugestões e expressar suas opiniões para a melhoria do seu bairro. Haverá, abaixo da palavra do leitor, um cadastro para que o leitor preencha, destaque e envie para o espaço “Palavra do leitor”, caso prefira desta forma.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Periferia na Bienal do Livro


No último sábado fomos na Brasilândia atrás de pautas, depois fomos no Anhembi, na Bienal do Livro. Assistimos um debate sobre literatura periférica. Participaram do debate, mediado pelo jornalista Chico Pinheiro, Sérgio Vaz, Allan da Rosa, Sacolinha e Alessandro Buzo, todos escritores da periferia. Confira:

Periferia marca presença na Bienal do Livro


Izabela Vasconcelos

Escritores da periferia nas grandes editoras rompem com a identidade e objetivo da periferia? Ou melhor: é possível ser independente em uma grande editora? Essa foi a questão levantada pelo jornalista Chico Pinheiro no debate sobre literatura periférica, no último dia 23/08, na Bienal do Livro de São Paulo. Participaram do debate Sérgio Vaz, Allan da Rosa, Sacolinha e Alessandro Buzo, todos escritores da periferia.

O tema deu o tom ao debate, para a maioria deles a periferia tem que mostrar seu trabalho, independente de ser em uma grande editora ou não.

Sérgio Vaz, Sacolinha e Alessandro Buzo já têm livros publicados por grandes editoras, como a Global, já Allan da Rosa publica livros por meio de sua editora independente, a Toró.

Para Sérgio Vaz, idealizador da Cooperifa, a grande editora não representa o sucesso do autor ou não. “Não é a chancela de uma grande editora que vai dizer se a gente é bom ou não”, afirmou.

Allan da Rosa acredita que uma editora independente tem um diferencial positivo que as grandes editoras não têm, a acessibilidade para os leitores, a abertura do caminho para a literatura. “Os livros de uma editora independente chegam aonde os livros de uma grande editora não chegam”, explicou.

A periferia se mostra
Na TV, nos debates, nas livrarias, na Bienal. A periferia está ganhando espaço. Para o escritor Alessandro Buzo a Internet é uma grande aliada nesse trabalho de divulgação da arte periférica. “A Internet foi predominante para divulgar nosso trabalho. Nós só tínhamos a grande mídia, que geralmente não abre espaço para a periferia, só no caderno policial. Não abre espaço para coisas positivas”, afirmou o escritor, que agora tem um quadro no programa Manos e Minas, da TV Cultura.

Os saraus abriram espaço para as pessoas expressarem suas opiniões, mostrarem sua arte e imergirem no mundo da literatura. “A gente incentivou a ler, mas também incentivou a escrever”, ressaltou Sacolinha.

“A periferia está vivendo sua primavera de Praga, a nossa Bossa Nova. Nós conseguimos reunir 500 pessoas para ouvir poesia e isso brotou das ruas de terra, do chão puro, do esgoto, da porta de escola, do aposentado que não recebe o salário. Isso não é revolução, é evolução. O povo quer isso, nós estamos vivendo na periferia como se fosse outro país”, disse Sérgio Vaz a respeito dos movimentos culturais que surgiram e estão surgindo na periferia.

“Ver tudo isso me emociona, são 37 anos de jornalismo e eu posso dizer que esse é um momento histórico neste país. A periferia está se mostrando, mostrando sua arte”, encerrou Chico Pinheiro, que já freqüentou o Sarau da Cooperifa e afirmou estar encantado com os movimentos culturais que surgiram na periferia.


Confira parte do debate:


quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Um livro inspirador para o projeto



Quando eu terminei de ler o livro Notícias da Favela da jornalista Cristiane Ramalho eu me perguntei: - por que não li esse livro antes? A obra conta todo o processo de construção do portal Viva Favela, da ONG Viva Rio, no estado do Rio de Janeiro. É o primeiro site jornalístico com notícias das favelas do Rio de Janeiro, e sem estereótipos, como a grande mídia faz. Sem estereótipos porque é um trabalho em parceria com os próprios moradores das comunidades. Moradores do Complexo do Alemão, Rocinha, entre outras comunidades, trabalham diretamente com os jornalistas. Eles participam das reuniões de pauta, sugerem temas e vão atrás das pautas, encontram entrevistados e no final escrevem a matéria ao lado de jornalistas do portal. Eles, os moradores, melhor do que ninguém, conhecem muito as suas comunidades e têm um olhar atento para as suas necessidades.

Quem visitar o portal verá que é um projeto muito completo, com galeria de fotos, arquivo de matérias especiais, site específico de meio ambiente, editorias de educação, saúde, trabalho, entre outros temas.

O livro é um relato das conquistas do portal, da relação da mídia com as favelas, dos jornalistas do portal com a comunidade, das necessidades desse público e do quanto ele é mal retratado pela impressa. As pessoas esquecem que nas favelas e periferias há gente trabalhadora, honesta e talentosa, é isso que as matérias do portal mostram, sem esquecer dos problemas de violência e desigualdade social, mas sem deixar que eles prevaleçam e apaguem o lado de luta que existe nessas comunidades.

Com certeza é um projeto inspirador para o nosso TCC, já que também temos a proposta de abordar o outro lado da periferia que a mídia não aborda. Existe uma grande lacuna na mídia em relação à periferia. No Rio de Janeiro há muitos movimentos em prol das regiões mais carentes. Em São Paulo não há veículos de comunicação voltados para a periferia. Há programas de TV, como o Central da Periferia, da TV Globo e o Manos e Minas, da TV Cultura. Mas e no meio impresso? A periferia fica esquecida e suas reais necessidades não são atendidas, seja porque esteja distante dos interesses comerciais dos empresários da mídia, seja porque muitos empresários e jornalistas não entendem a periferia, suas necessidades, seus gostos. Mas por que não tentar? O jornalismo não tem um papel social? É o que todos escutam nos quatro anos de faculdade. Por que não pensar no social?

Izabela Vasconcelos

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Eis o gancho!



Bom, nesse tempo aconteceram algumas coisas. Já apresentamos a pré-banca do TCC. Estavámos nervosas, mas foi muito positivo, de maneira geral, gostaram da idéia do projeto. Vimos que o que os professores fizeram foi clarear nossas idéias com dicas e questionamentos interessantes. Coisas que são importantes e que não tínhamos parado para pensar tanto, como a importância do gancho das matérias. O gancho, isso é importante demais. É por meio dele que vamos conseguir chamar a atenção do leitor. De agora em diante temos o gancho na cabeça!
Agora vamos nos reunir para elaborar o espelho do jornal, discutir as pautas e os ganchos.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Enquete do jornal - resultado final



Ontem foi entregue o material do TCC para a pré-banca. Foram 61 folhas de noites mal dormidas, rs. Mas estamos empenhadas nesse projeto. Agora vamos começar as etapas de pré-banca, pauta e redação.

Já temos o resultado da enquete com o público alvo do jornal. Segue abaixo:

Resultado da enquete nas quatro zonas da cidade de São Paulo
A enquete foi feita com 100 pessoas, 25 de cada zona da cidade de São Paulo - Pirituba, zona oeste, São Mateus, zona leste, Brasilândia, zona norte e Paraisópolis, zona sul.


Sexo
57 % Mulheres
43 % Homens


Idade
37 % entre 18 e 25 anos
26 % acima de 45 anos
19 % entre 35 e 45 anos
18 % entre 25 e 35 anos


Estado civil
55% Solteiros
38% Casados
4% Divorciados
3% Viúvos


Filhos
70% Sim
30% Não


Possui trabalho fixo?
47% Sim
22% Desempregado
16% Trabalha sem carteira assinada
15% Autônomo


Renda mensal familiar
34% Entre R$ 500 e R$ 1000
29% Até R$ 500
22% Acima de R$ 1.500
15% Entre R$ 1000 e R$ 1.500


Escolaridade
35% Ensino Médio completo
31% Ensino Fundamental incompleto
17% Ensino Fundamental completo
12% Ensino Médio incompleto
3% Ensino superior completo

2% Ensino superior incompleto

Reside em casa própria?
64% Casa em terreno da prefeitura
27% Alugada
7% Casa própria
2% Cedida


Lê jornal?
50% Às vezes
27% Sempre
23% Nunca


Nome do jornal
Voz da Periferia 88 %
Infoperiferia – 7%
Interperiferia – 2%
Nenhuma das opções 2%
Sugestão: Diário da periferia 1%


Editorias
24% Saúde
16% Cultura
16% Política
14% Esporte
8% Cursos gratuitos
5% Trabalho
4% Economia
3% Lazer
1% Direitos do consumidor


Principais necessidades apontadas pelos moradores dos bairros pesquisados

30% Saneamento básico
17% transporte
16% segurança
13% Educação
11% Lazer
11% Saúde
2% nenhum problema

sábado, 24 de maio de 2008

matéria - DO OUTRO LADO MORA A POESIA


DO OUTRO LADO MORA A POESIA

Sarau da Cooperifa se destaca como quilombo cultural com lançamento de mais três livros e a produção de um documentário


Por Izabela Vasconcelos

“Povo lindo, povo inteligente, é tudo nosso!”. É assim que começa o Sarau da Cooperifa. Sérgio Vaz, idealizador do programa, abre o sarau com essas palavras e centenas de pessoas as repetem. Muitas palmas, muita energia. Atrás do palco a frase: “O silêncio é uma prece”, e é assim que acontece há seis anos, na periferia da zona sul de São Paulo, a noite que reverencia a poesia.

A Cooperifa, Cooperativa de Poesia da Periferia, já lançou 36 livros e um CD com poesias de 26 autores, lançado em 2006 na Pinacoteca do Estado, na 2ª Virada Cultural. Além disso, se prepara para mais três lançamentos. Para o próximo mês o livro: Cooperifa, quilombo da poesia, pela coleção Tramas Urbanas da editora Aeroplano, e o documentário sobre o Sarau, produzido pela DGT Filmes, previsto para o final deste ano.

O livro, produzido por Sérgio Vaz, reúne 40 autores e 80 poemas e deve ser lançado em julho. “O livro começa na periferia dos anos 70, onde praticamente vivíamos numa ilha chamada Piraporinha, e que quando íamos ao centro, a gente falava: 'eu fui na cidade'”, conta Vaz. Outra produção, o livro Rastilho da Pólvora 2, também do idealizador da Cooperifa, deverá ser lançado entre junho e julho.

Márcio Batista é um dos organizadores do sarau e também irá lançar um livro em junho, o “Meninos do Brasil”, produção independente. Para ele, a noite poética tem um papel muito importante na periferia.“O sarau representa uma mudança muito grande na perspectiva de vida e na comunidade. Nós não temos idéia de quantas pessoas o sarau atinge, mas tudo isso é muito gratificante”, afirma.

É no Bar Zé Batidão, do proprietário José Cláudio Rosa, que tudo acontece, são duas horas de poesia, o silêncio só é quebrado pelas palmas calorosas do público ao final de cada poesia. Há dias em que o Sarau, que acontece todas as quartas-feiras, a partir das oito e meia da noite, chega a reunir 400 pessoas. O sarau já quebrou fronteiras, pessoas de várias zonas da cidade, e até de outros estados, vêm conferir a noite de poesia.

A Cooperifa surgiu como um movimento cultural da periferia em uma fábrica abandonada em Taboão da Serra, o sarau veio bem depois. “Logo quando a fábrica, onde a Cooperifa nasceu, fechou, eu e o Marco Pezão fomos conversar com o dono de um bar chamado Garajão, em Taboão da Serra, para a gente se reunir às quartas-feira para falar e ouvir poesia. Nem a gente sabia direito o que era sarau, mas o movimento foi crescendo e aí virou esse monstro que aí está”, explica Vaz.

Estudantes, mecânicos, professores, vigilantes, jovens, adultos e idosos recitam seus poemas. Basta colocar o nome no caderninho. Os assuntos são os mais variados: vida, alienação, fome, cotidiano, racismo, preconceito, entre outros. A maioria escreve suas próprias poesias, alguns decoram e recitam poemas como “Navio Negreiro”, de Castro Alves, ou “Perguntas de um trabalhador que lê”, de Bertold Brecht. A dramatização também faz parte dos recitais.

Personagens e poemas
Maria de Lourdes Peixoto, conhecida como “De Lourdes”, freqüenta o sarau há três anos. Logo que terminou a faculdade de letras, passou a freqüentar o programa e a recitar suas poesias. “O sarau é como um ritual, é uma igreja pra mim. Lá eu vou até doente”, diz ela.

Dona Edith, como é conhecida Edith Marques da Silva, perdeu a visão há oito anos por conta de uma diabetes, agora, com 63, diz que tem mais facilidade para decorar, é assim que ela recita longos poemas de Castro Alves, Cora Coralina e Cecília Meirelles. As sobrinhas, suas aliadas, gravam os poemas em fitas para que ela possa decorar. “Eu me sinto muito bem no sarau, eu sempre gostei de ler, eu adoro poesia”, afirma ela.

“Mulheres, preparem-se”, é assim que Lourival Rodrigues da Silva, ou "Seu Lourival", como é conhecido, é anunciado para recitar. Ele chega com seu papel e começa a declamar poemas românticos mesclados de humor e com um dialeto que ele próprio criou. Tudo isso faz dele uma marca registrada no sarau.

Edmauro de Almeida, o "Cocão", conheceu o sarau através de um amigo, a partir daí não parou de freqüentar. Hoje, escreve poesias, rap e é um dos integrantes do grupo Versão Popular, que faz apresentações de rap em diversas comunidades e centros culturais da capital. Cocão também participou do livro “Rastilho de Pólvora” e de um CD que reuniu poemas de vários autores da Cooperifa.

No final de 2007 a Cooperifa realizou a 1º Semana de Arte Moderna da Periferia, com direito ao Manisfesto da Antropofagia Periférica, escrito por Sérgio Vaz, apresentações musicais, debates e poesia.

Além do sarau, a Cooperifa participa da Poesia de Ruas, evento de rap que acontece toda última quinta-feira do mês na sede da ONG Ação Educativa. Sérgio Vaz também realiza oficinas de poesia em diversas escolas públicas. Este ano a Cooperifa também foi convidada para participar da Virada Cultural. Sérgio Vaz, Cocão, Márcio Batista, Lu Souza, José Neto, Rose, Fuzzil, Casulo, João Santos, Walmir Viera e Jairo Periafricania, passaram por três palcos do evento. É a periferia mostrando a sua cara.

domingo, 11 de maio de 2008

Sarau da Cooperifa - talento e poesia


Na última quarta-feira fomos no Sarau da Cooperifa. Foi ótimo. Quanta energia, quanto talento. Pessoas de todas as idades freqüentam e recitam seus poemas. Falam sobre a vida, alienação, fome, cotidiano, racismo, preconceito, entre outros assuntos.
A Cooperifa irá lançar sua 2ª antologia, o livro reúne 40 autores e 80 poemas. Um documentário também está a caminho. É a periferia fazendo arte e mostrando que talento e pensamento estão em ação. O Sarau já é uma pauta para o Voz da Periferia, é só esperar.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Periferia ganha espaço na TV Cultura


Olha só que notícia boa! A nova programação da TV Cultura abriu espaço para a periferia. O programa Manos e Minas estréia no dia 07/05 às 19:30. É só conferir. Veja a reportagem que saiu no O Estado de S. Paulo.


A hora e a vez dos Manos e Minas

Com apresentação de Rappin Hood, estréia dia 7 na Cultura o primeiro programa feito por, e para, jovens das periferias

Flávia Guerra

'Satisfação! Só os aliado, só os companheiro' , brada o rap do mestre-de-cerimônias da noite. E os aliados devolvem o verso: 'Us guerreiro! Us guerreiro.'Na platéia do Manos e Minas, o clima é 'mil grau'. Vários manos, atitude, responsa, Zona Sul, Zona Norte, Zona Oeste, e, claro, 'Zona Leste somos nós'. A animação é total enquanto Rappin Hood conduz a galera, que samba ao som de Jorge Aragão (tem samba, sim, sinhô) e cala em solidariedade quando o assunto é a falta de trabalho na periferia. Na tela, um jovem rapper fala do drama de procurar emprego - enquanto distribui currículos, faz seu rap. Na platéia, depois de assistir ao vídeo, um ex-presidiário solta o verbo: 'Fui enquadrado no artigo 157. Cumpri minha pena. Tô livre e quero trabalhar. Mas quem vai dar emprego para um ex-presidiário?' Jorge Aragão quebra o silêncio solene: 'Quem quiser trabalhar comigo procure minha equipe. Tem vaga para ajudante geral na turnê que estou fazendo. Não é muito, mas é um começo.'

Assim foi dada a largada de Manos e Minas, que estréia na TV Cultura no dia 7, às 19h30, e promete fazer jus ao bordão 'tá tudo dominado'. Mas, afinal, o que é Manos e Minas? Com exclusividade, fomos acompanhar a primeira gravação.

Programa de auditório? Show? Jornalismo? É tudo ao mesmo tempo - e agora. É o primeiro programa da TV nacional que não é só pensado mas também produzido pelo morador da periferia. 'Não é show. A vybe aqui é diferente. Na TV, você troca energia com o público, mas nunca sabe como vai voltar. Está sendo ótimo. O pessoal troca idéia legal. É o espaço que faltava. Até hoje, quase sempre, quando falam de nós, é só na página policial', reflete Rappin Hood. Em Manos e Minas, ele é mais que apresentador. É mestre-de-cerimônias. 'Não tem personagem. Sou eu mesmo', brada ele, que fez sua estréia na TV em 2007 no quadro Mano a Mano, do Metrópolis, em que fazia reportagens sobre temas da cena periférica de São Paulo. 'No Metrópolis, era mais concentrado na cultura. Fomos formatando uma linguagem e amadurecemos a idéia de criar um programa novo', comenta o diretor artístico de Manos e Minas, Ricardo Elias.

Mas quem manda na pauta da periferia? Um coletivo criativo formado pelo diretor do Núcleo de Cultura e Arte Hélio Goldstein, pelo editor-chefe Ramiro Zwetsch, o diretor de cena Dinho e por Elias. O motorista do 'busão' cultural é Rappin Hood.Por falar em coletivo, um dos destaques do programa é o quadro Buzão - Circular Periférico. Já tradicional das quebradas, o Buzão é conduzido pelo agitador cultural Alessandro Buzo, que percorre em um ônibus os caminhos da periferia do Brasil. Para completar o time, a DJ Juju Denden faz reportagens com o toque das minas sobre assuntos diversos. Cabelo afro, comida de porta de estádio e, claro, moda. O escritor Ferrez fala da cena cultural que pulsa nas quebradas. Rappin também vai a campo em busca de reportagens sobre esporte e comportamento. E arremata: 'Satisfação! Tamo junto!'


segunda-feira, 7 de abril de 2008

Pesquisa de campo: Paraisópolis



Neste último sábado começamos nossa pesquisa de campo. Fomos na segunda maior favela de São Paulo, Paraisópolis, aliás fomos muito bem recebidas. Ao conversar com as pessoas descobrimos muitas coisas. Uma coisa que eu não sabia: Paraisópolis tem trânsito, acreditem! A dimensão é de uma pequena cidade, mas não há urbanização planejada. A rua é um grande estacionamento. As pessoas têm casas, a maioria sem garagem, e acabam lotando as ruas estreitas de carros, resultado: um emaranhado de automóveis, além da falta de sinalização. Apesar do grande movimento, não há faróis em Paraisópolis. Eu provei do trânsito na volta para casa, e uma mulher chegou a me dizer que se alguém estiver precisando de socorro médico, uma ambulância demoraria muito para chegar e sair do local, ficaria presa.

Mas não foi só isso que descobrimos, ao conversar com as pessoas, para preenchermos nossas fichas de pesquisa, soubemos de um caso muito estranho envolvendo a Eletropaulo e alguns moradores da região. Prefiro não falar mais sobre o caso antes de apurar, isso nós vamos fazer no jornal, se o caso for verdadeiro a matéria será dada, mas antes vamos ver se o caso procede.

Alguns dados interessantes dessa primeira pesquisa, feita com 25 pessoas, merecem ser colocados aqui, apesar que o que valerá mesmo será o resultado final, envolvendo pesquisas em todas as zonas da cidade.

O que me impressionou: 38% dos entrevistados tem renda mensal familiar de até R$ 500,00. Alguns chegaram a dizer que seria um valor bem inferior a este.

Pense: sustentar uma família inteira com R$ 500,00 por mês. É um grande desafio neste País. O que se pode perceber é que a maioria destas pessoas, 39%, só tem o ensino fundamental incompleto, e para elas o mercado de trabalho é restrito, muito restrito. O que acontece é que muitos não conseguem emprego com essa escolaridade e acabam dependendo da renda de outra pessoa da casa. Nesses casos, geralmente, uma única pessoa da família consegue trabalho fixo.

Outras descobertas:

Sobre o nome do jornal
Entre vários nomes sugeridos para o nome do jornal, Voz da Periferia ganhou com 86% dos votos, Infoperifa ficou em segundo lugar com 13% dos votos.

Editorias abordadas
A maioria das pessoas, 44%, querem ler matérias sobre saúde e qualidade de vida, 18% sobre política, 14% cursos gratuitos e emprego, cultura e esporte ficaram empatadas, 12% para cada editoria.

Por enquanto é isso, zona leste, norte e oeste nos esperam!
Izabela Vasconcelos O. Almeida

segunda-feira, 17 de março de 2008

Existe jornalismo popular?

Estou lendo um livro que vai ajudar muito no TCC, Jornalismo Popular, de Márcia Franz Amaral, da editora Contexto. O livro aborda a questão do jornalismo feito para as classes C, D e E. E mostra exemplos de jornais populares e dicas de como escrever para um público com pouco rendimento financeiro e pouca instrução escolar.

O livro aborda a polêmica do sensacionalismo, artifício usado por muitos jornais para seduzir este público. Mas há exemplos de que esse tipo de artifício, além de ser antijornalístico, não é, a longo prazo, o melhor método para se manter no mercado. Veja o caso do Notícias Populares, que inventava histórias, personagens e hiperdimensionava acontecimentos dramáticos ou insólitos.

A idéia do nosso jornal não é hiperdimensionar os fatos, nem colocar tragédias escancaradas ou celebridades fazendo coisas fúteis, isso o povo já está cansado de ver. É verdade que os jornais que adotam este método ainda têm leitores, as pessoas se acostumaram com isso. A idéia é ousar. O que esse público procura é informação clara, útil e que tenha relação direta com a sua realidade. E é isso que nós vamos procurar trazer.


Os jornais já estão estampados com chacinas, drogas e seqüestros na periferia. A idéia não é fugir destas coisas como se elas não existissem, mas dar mais espaço para outra realidade. Por que os grandes jornais não mostram o que acontece de bom nas periferias? Por que só a violência é notícia? Se o bom jornalismo se faz mostrando os diferentes ângulos e abordagens de um fato ou local, não é esse tipo de jornalismo que eu vejo.

E como perguntou Carlos Chaparro no artigo, “Jornalismo de exclusão” e em "Popular, o conceito fraudado", será que atualmente existe jornalismo popular de verdade? Se os jornais não mostram a periferia como ela é, pelos fatos bons e ruins, e se não atende as necessidades desse público com prestação de serviços e esclarecimentos, esse não é um jornal popular.

Dizem que a periferia gosta de sensacionalismo e violência, que isso vende. Vender,vende, mas como essas pessoas vão gostar de outras coisas se nada de diferente lhes foi oferecido? Se os grandes jornais, além de caros, abordam outra realidade e são feitos para outro público?


Essas pessoas querem informação clara, objetiva e com aplicação direta. Os jornais populares até que atendem alguns desses requisitos, mas pecam ao apelar muito ao sensacionalismo. A intenção do nosso jornal é valorizar este público e prestar serviços através da informação útil e esclarecedora, fugindo de estereótipos e sensacionalismos.


Izabela Vasconcelos

segunda-feira, 3 de março de 2008

Manifesto da Antropofagia Periférica


Na semana passada o professor de jornalismo cultural falou sobre o Manifesto Antropofágo de Oswald de Andrade, publicado em 1928. Imediatamente me lembrei do Manifesto da Antropofagia Periférica, escrito por Sérgio Vaz e apresentado na 1º Semana de Arte Moderna da Periferia. A Semana até rendeu matéria na revista Época. Veja o Manifesto:

Manifesto da Antropofagia Periférica
A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.
A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e universidade para a diversidade. Agogôs e tamborins acompanhados de violinos, só depois da aula.
Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção. Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer. Da poesia periférica que brota na porta do bar.
Do teatro que não vem do “ter ou não ter...”. Do cinema real que transmite ilusão. Das Artes Plásticas, que, de concreto, querem substituir os barracos de madeira. Da Dança que desafoga no lago dos cisnes.
Da Música que não embala os adormecidos.
Da Literatura das ruas despertando nas calçadas.
A Periferia unida, no centro de todas as coisas.
Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte vigente não fala.
Contra o artista surdo-mudo e a letra que não fala.
É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. Que, armado da verdade, por si só exercita a revolução.
Contra a arte domingueira que defeca em nossa sala e nos hipnotiza no colo da poltrona. Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus, teatros e espaços para o acesso à produção cultural.
Contra reis e rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado.
Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles? “Me ame pra nós!”.
Contra os carrascos e as vítimas do sistema.
Contra os covardes e eruditos de aquário.
Contra o artista serviçal escravo da vaidade.
Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.
É TUDO NOSSO!
Sérgio Vaz

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

É a vez dos jornais populares



Esta é a hora e a vez dos jornais populares. Rio de Janeiro e Belo Horizonte dominam na tiragem destes jornais. A matéria do Portal da Imprensa mostra esse crescimento. O Voz da Periferia terá o mesmo público, classes C e D, mas a linha editorial será diferente, o foco é nos acontecimentos e realidade da periferia, a prestação de serviços também será um forte. Num período em que a crença é de que os jornais impressos irão acabar, os periódicos populares nunca cresceram tanto. Pelo menos, enquanto a inclusão digital não se der de vez, os jornais impressos e, principalmente os populares, continuarão existindo.

Publicado em: 27/11/2007 18:16
Jornais populares explodem em vendas. São Paulo está fora da rota
Marina Dias/Redação Portal IMPRENSA

Os jornais populares se tornaram um fenômeno no Brasil. Entretanto, ninguém esperava que a venda desses periódicos se tornasse tão explosiva, desbancando os grandes veículos de comunicação que estão há anos no topo das tiragens. Esses novos dados foram divulgados pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC), revelando que o tablóide mineiro Super Notícia, de Belo Horizonte, alcançava o primeiro lugar do ranking no mês de agosto, com aproximadamente 300 mil exemplares diários vendidos, desbancando a Folha de S.Paulo, que obteve uma média de 299 mil.
Na lista dos dez maiores jornais do país, o Super Notícia não é o único que segue a linha editorial popular. Outros títulos voltados, principalmente, às classes C e D também obtiveram destaque, como o Extra, do Rio de Janeiro, que ficou à frente do Estado de S.Paulo, e o Diário Gaúcho, do Rio Grande do Sul, que atingiu 152 mil exemplares.
Preços baixos, muitas cores e imagens, linguagem curta e objetiva e excesso de publicidade são imprescindíveis para o sucesso das publicações, é o que dizem os especialistas. Além deles, Lúcia Castro, editora-executiva do Super Notícia, afirma que essa é a fórmula para a grande tiragem de seu jornal. "Trabalhamos, também, com muitas promoções e os prêmios são sempre de boa qualidade. Nosso preço é excessivamente baixo (R$0,25) e nosso leitor sabe o que quer e onde encontrar".
Fundado em 2002, o tablóide mineiro cresceu 4.000% em 33 meses e, já em 2006, alcançou o primeiro lugar em Minas Gerais, deixando para trás o Estado de Minas, que foi líder em vendas por 40 anos. "As manchetes são sempre factuais, com apelo para a cobertura policial e celebridades", afirma Lúcia. Além disso, o editorial do Super, como é conhecido, é repleto de serviços, anúncios de empregos e seções destinadas aos aposentados e ao leitor que deseja anunciar o seu trabalho.
A distribuição é feita por vendedores ambulantes terceirizados e não há serviço de assinantes. "As vendas são avulsas, também em bancas, e o Super criou um novo público leitor, de pessoas que não liam e passaram a ler jornal. Não pensamos, portanto, em aprofundar as notícias, o público quer o que a gente dá", declara Lúcia.
É interessante notar que o mercado paulista conta com apenas duas publicações de perfil popular. O Diário de S.Paulo, que alcança uma tiragem de aproximadamente 70 mil exemplares e o São Paulo Agora, com uma média de 79 mil. Dessa forma, essas publicações ficaram bem abaixo do décimo colocado do ranking, o carioca O Dia, que chegou a 113 mil exemplares.
Mesmo sendo uma das maiores cidades do mundo, com 20 milhões de habitantes, São Paulo não avança no mercado editorial popular, fato observado, também, pelo fechamento do Notícias Populares, em 2002 e com seu principal jornal concorrendo com uma publicação de Belo Horizonte, cidade com 20% de sua população. Lúcia Castro acredita que o fato se dá por conta do formado desses jornais. "Eles não são tablóides e, além disso, não tem preços tão baixos", já que o Diário de S.Paulo é vendido por R$ 2,5 e o Agora tem preço de capa de R$1,5.
Vender a preços baixos, uma das fórmulas dos vitoriosos do mês de agosto, não prejudica a receita, segundo Peodomiro Braga, diretor-executivo do Super Notícias. "A alta receita de publicidade garante o lucro do jornal", finaliza.

Portal da Imprensa

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Cinema na periferia

Quem disse que em meio a "lixo" e entulhos não há tesouros? Foi assim que José Luiz Zagatti, catador de papelão e sucata, conseguiu encontrar materiais que deram início ao Mini Cine Tupy. O cinema gratuito, na periferia de Taboão da Serra, exibe muitos filmes, a maioria antigos, mas que conquistam muitos pelas histórias encantadoras. A maioria das crianças nunca foi ao cinema convencional, mas agora podem contar com todo esse clima de cinema, filme e pipoca, tudo por conta da casa. Com certeza esta será mais uma matéria do Voz da Periferia, é aguardar pra conferir. Enquanto isso, veja o vídeo que mostra um pouco dessa história de cinema.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Colecionador de pedras


Sérgio Vaz, idealizador da Cooperifa, lançou no ano passado o livro Colecionador de pedras, o livro reúne poemas que abordam muitos aspectos da vida, principalmente a vida na periferia. Gostei de muitos poemas, mas este, em especial, me chamou a atenção por tratar da miséria, falta de estrutura e planejamento familiar, coisas muito comuns na periferia.


Jorginho

Jorginho
ainda não nasceu,
tá escondido, com medo,
no ventre da mãe.
Quando chegar
não vai encontrar pai
que saiu pra trabalhar
e nunca mais voltou
pra jantar.
No barraco em que vai morar
cabem dois,
mas é com dez
que vai ficar.
Sem ter o que mastigar,
nem leite pra beber,
vai ter a barriga inchada,
mas sem nada pra cagar.
Não vai pra escola
não vai ler, nem escrever,
vai cheirar cola,
pedir esmola
pra sobreviver.
Não vai ter sossego
não vai brincar
não vai ter emprego,
vai camelar.
Menor carente,
vai ser infrator
Com voto de louvor,
deliquente.
Não vai ter páscoa
não vai ter natal,
se for esperto, se mata
com o cordão umbilical.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Parques e Jardins


Este poema feito pelo Fuzzil, poeta da zona sul, mostra a infinidade de jardins e parques da periferia, que na realidade não existem. São somente nomes “fantasia” para amenizar a vida periférica.


Que jardins são esses...
Que não vejo?
Jardim das Rosas, Jardim Irene
Jardim Castro Alves, Jardim Vazame
Jardim Selma, Monte Azul
São Bernardo, Campo Belo,
Jardim Santo Eduardo, Imbé
Jardim Comercial, Dom José
Que jardins são esses que não vejo...
Cadê o verde, os pássaros a cantar
Cadê o jardim que não vejo
Cadê o jardim, onde está?
Vejo becos e vielas
Barracos amontoados
Crianças brincando descalças...
Crianças brincando de barro
E o verde natureza
Parques que não existem
Parque Fernanda, Santo Antônio
Parque Ipê, Arariba
Parque Dom Pedro, Pirajussara
Parque do Lago, Novo Mundo
Que parques são esses que não vejo...
Oh! Qual seria o meu desejo
De sentir o cheiro do verde no ar
Cadê o parque que não vejo
Cadê o parque, onde está?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Sarau da Cooperifa

Vale a pena conferir o Sarau do Cooperifa. A mistura de literatura, música e poesia mostra que no talento e na arte não existe distinção de classe. A matéria da TV Cultura é uma prova disso. É assistir para conferir!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Apresentação


Não é preciso pesquisar muito para saber que grande parte do Brasil é formada por periferias. A pergunta é: se a periferia representa grande parte do País, por que, dentre os milhares de veículos, não existe um jornal ou revista voltado para este público? Várias respostas e questões virão à cabeça dos leitores.

1) A periferia não gosta de ler
R: Generalizar não é certo, é o mesmo que dizer que na periferia só há bandidos e violência. Por que existem escritores se lançando na periferia? Já ouviu falar do
Ferréz? Hoje ele é escritor e colabora com a Folha de S. Paulo, Caros Amigos e outros veículos, além de participar de eventos internacionais e lançar vários livros. Por que existe o Sarau da Cooperifa? Lá se fala de literatura, poesia, música e arte. A novidade atrai veículos como TV Cultura, Revista Época, entre outros. E por que quando se distribui o Metro e Destak nos faróis da cidade os passageiros dos ônibus se aglomeram nas janelas para pegar um exemplar e ler durante a viagem?

2) É uma proposta inviável
R: Já ouviu falar do
consumo formiguinha? É um termo engraçado, mas é usado pelo setor da construção civil quando se refere ao consumo da periferia. Em relação à classe alta o consumo individual da periferia é baixo, mas pensando que existem várias periferias e consumidores nestas áreas, estas muito maiores que as áreas nobres, esse consumo responde por uma porcentagem relevante no mercado. Se existem consumidores, mesmo que funcionando em esquema de “formigueiro”, existem anunciantes. Tire os consumidores da periferia das Casas Bahia, Habib’s, McDonald’s, Coca–Cola, Construtora Tenda, C&A, Avon, entre outras, e veja se estas empresas não teriam uma grande redução de lucro.

Uma coisa óbvia: se existem leitores, existem anunciantes, se existem consumidores destes anunciantes, existem anúncios para este público.

Como estudantes de jornalismo, nosso desafio de TCC é provar que a proposta é viável e, a partir de uma pesquisa com 100 moradores de periferias da cidade, envolvendo as quatro zonas de São Paulo, avaliar gostos e anseios da periferia em relação à mídia. Depois desta pesquisa o jornal Voz da Periferia entrará em ação, pelo menos na faculdade. A proposta é fazer um jornal semanal que trate de vários aspectos da vida nas periferias. Inviável??? Deve parecer idéia insana no primeiro momento, mas só a epistemologia dirá. Vamos fazer este projeto, apresentar o TCC e, já que não somos empresárias ou pessoas influentes na mídia, se o projeto não sair na prática, pelo menos a idéia ficará viva!