segunda-feira, 17 de março de 2008

Existe jornalismo popular?

Estou lendo um livro que vai ajudar muito no TCC, Jornalismo Popular, de Márcia Franz Amaral, da editora Contexto. O livro aborda a questão do jornalismo feito para as classes C, D e E. E mostra exemplos de jornais populares e dicas de como escrever para um público com pouco rendimento financeiro e pouca instrução escolar.

O livro aborda a polêmica do sensacionalismo, artifício usado por muitos jornais para seduzir este público. Mas há exemplos de que esse tipo de artifício, além de ser antijornalístico, não é, a longo prazo, o melhor método para se manter no mercado. Veja o caso do Notícias Populares, que inventava histórias, personagens e hiperdimensionava acontecimentos dramáticos ou insólitos.

A idéia do nosso jornal não é hiperdimensionar os fatos, nem colocar tragédias escancaradas ou celebridades fazendo coisas fúteis, isso o povo já está cansado de ver. É verdade que os jornais que adotam este método ainda têm leitores, as pessoas se acostumaram com isso. A idéia é ousar. O que esse público procura é informação clara, útil e que tenha relação direta com a sua realidade. E é isso que nós vamos procurar trazer.


Os jornais já estão estampados com chacinas, drogas e seqüestros na periferia. A idéia não é fugir destas coisas como se elas não existissem, mas dar mais espaço para outra realidade. Por que os grandes jornais não mostram o que acontece de bom nas periferias? Por que só a violência é notícia? Se o bom jornalismo se faz mostrando os diferentes ângulos e abordagens de um fato ou local, não é esse tipo de jornalismo que eu vejo.

E como perguntou Carlos Chaparro no artigo, “Jornalismo de exclusão” e em "Popular, o conceito fraudado", será que atualmente existe jornalismo popular de verdade? Se os jornais não mostram a periferia como ela é, pelos fatos bons e ruins, e se não atende as necessidades desse público com prestação de serviços e esclarecimentos, esse não é um jornal popular.

Dizem que a periferia gosta de sensacionalismo e violência, que isso vende. Vender,vende, mas como essas pessoas vão gostar de outras coisas se nada de diferente lhes foi oferecido? Se os grandes jornais, além de caros, abordam outra realidade e são feitos para outro público?


Essas pessoas querem informação clara, objetiva e com aplicação direta. Os jornais populares até que atendem alguns desses requisitos, mas pecam ao apelar muito ao sensacionalismo. A intenção do nosso jornal é valorizar este público e prestar serviços através da informação útil e esclarecedora, fugindo de estereótipos e sensacionalismos.


Izabela Vasconcelos

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