quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Um livro inspirador para o projeto



Quando eu terminei de ler o livro Notícias da Favela da jornalista Cristiane Ramalho eu me perguntei: - por que não li esse livro antes? A obra conta todo o processo de construção do portal Viva Favela, da ONG Viva Rio, no estado do Rio de Janeiro. É o primeiro site jornalístico com notícias das favelas do Rio de Janeiro, e sem estereótipos, como a grande mídia faz. Sem estereótipos porque é um trabalho em parceria com os próprios moradores das comunidades. Moradores do Complexo do Alemão, Rocinha, entre outras comunidades, trabalham diretamente com os jornalistas. Eles participam das reuniões de pauta, sugerem temas e vão atrás das pautas, encontram entrevistados e no final escrevem a matéria ao lado de jornalistas do portal. Eles, os moradores, melhor do que ninguém, conhecem muito as suas comunidades e têm um olhar atento para as suas necessidades.

Quem visitar o portal verá que é um projeto muito completo, com galeria de fotos, arquivo de matérias especiais, site específico de meio ambiente, editorias de educação, saúde, trabalho, entre outros temas.

O livro é um relato das conquistas do portal, da relação da mídia com as favelas, dos jornalistas do portal com a comunidade, das necessidades desse público e do quanto ele é mal retratado pela impressa. As pessoas esquecem que nas favelas e periferias há gente trabalhadora, honesta e talentosa, é isso que as matérias do portal mostram, sem esquecer dos problemas de violência e desigualdade social, mas sem deixar que eles prevaleçam e apaguem o lado de luta que existe nessas comunidades.

Com certeza é um projeto inspirador para o nosso TCC, já que também temos a proposta de abordar o outro lado da periferia que a mídia não aborda. Existe uma grande lacuna na mídia em relação à periferia. No Rio de Janeiro há muitos movimentos em prol das regiões mais carentes. Em São Paulo não há veículos de comunicação voltados para a periferia. Há programas de TV, como o Central da Periferia, da TV Globo e o Manos e Minas, da TV Cultura. Mas e no meio impresso? A periferia fica esquecida e suas reais necessidades não são atendidas, seja porque esteja distante dos interesses comerciais dos empresários da mídia, seja porque muitos empresários e jornalistas não entendem a periferia, suas necessidades, seus gostos. Mas por que não tentar? O jornalismo não tem um papel social? É o que todos escutam nos quatro anos de faculdade. Por que não pensar no social?

Izabela Vasconcelos

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