quarta-feira, 18 de março de 2009

Matéria 7 - editoria Viva Saúde

2008: ano do saneamento básico?

Problema que atinge 47% da população brasileira e mata 15 mil por ano, ganha um ano de celebração


Moradores dividem espaço com o córrego local

Parece até ironia, mas a principal causa da mortalidade infantil no Brasil ganhou o ano internacional de comemoração. A cada 96 minutos morre uma criança de 0 a 4 anos de idade por falta de saneamento básico. Mesmo com esses dados, a ONU (Organização das Nações Unidas) criou a data especial para um problema que, caso não seja tratado desde agora, só poderá ser resolvido daqui 114 anos, de acordo com a pesquisa realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e pelo Instituto Trata Brasil.

De acordo com os pesquisadores, os bairros da periferia são os que mais sofrem com a falta de redes de esgoto. A saúde da população de baixa renda é sacrificada diariamente pela falta de investimentos na rede de abastecimento de água e de coleta de esgoto.


A falta de saneamento básico causa inúmeras doenças que poderiam ser evitadas, caso o investimento nessa área fosse maior. De acordo com o Projeto Esgoto é Vida, para cada R$1,00 investido em saneamento, seria feita uma economia de R$ 4,00 na cura de doenças. Mas, enquanto o investimento não chega, o que fazer?

Na área do Grotão, na segunda maior favela de São Paulo – Paraisópolis, o investimento é bem precário, com carências de infra-estrutura e saneamento básico, as famílias cuidam da saúde com métodos simples e até onde o bolso alcança.

Vicentina Cirila dos Santos, 36 anos, mãe de 6 filhos, descreve que sempre morou no Grotão e que os únicos métodos que ela e sua família sempre utilizam para cuidar da saúde é beber água filtrada, fazer exames de sangue regularmente e tomar comprimido contra vermes. Mesmo com esses cuidados a família de dona Vicentina não está imune de doenças, porque ao lavar os alimentos eles sempre utilizam a água da torneira.

Ana Cristina Rodrigues dos Santos, 29 anos, Agente Comunitária de Saúde há 3 anos da UBS Paraisópolis, afirma que a doença mais freqüente na comunidade é a verminose. “Fazemos o acolhimento, vamos de casa em casa orientando as pessoas, mas a maioria fala que vai marcar a consulta e depois não vai, e a doença acaba sendo tratada em casa, nem procuram o médico”, declarou.

Na residência, que é grudada ao esgoto, mora Marines dos Santos Santana, 30 anos, e mais 5 pessoas. A história relatada por ela acaba sendo a mesma contada pela agente comunitária, ela descreve que a única coisa que faz é tomar água filtrada. Mãe de três filhos, com idades de 02 a 11 anos, ela afirma que não leva as crianças nem para tomar remédio contra verme. “Só levo eles para fazer exames de sangue, mas quando sentem alguma diarréia eu trato em casa”, explica.

A situação das famílias que residem no Grotão é precária e piorou após o mês de julho, data na qual foi iniciada as obras de urbanização. Alguns barracos foram demolidos para a construção de uma rua e canalização do córrego que recebe o esgoto local.

Com o início das construções restaram os entulhos que atraem pragas como: ratos, baratas, eoutros transmissores de doenças. E a obra, que irá beneficiar a região futuramente, hoje acaba comprometendo a saúde dos moradores.

A falta de saneamento básico causa doenças e epidemias como: cólera, diarréia, meningite, pólio e leptospirose

Prevenção
1° Manter as mãos sempre limpas e unhas aparadas;

2° Beber somente água filtrada ou fervida;

3° Lavar bem os alimentos antes do preparo;

4° Andar somente calçado;

5° Não deixar as crianças brincarem em terrenos baldios.

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