Periferia marca presença na Bienal do Livro
Izabela Vasconcelos
Escritores da periferia nas grandes editoras rompem com a identidade e objetivo da periferia? Ou melhor: é possível ser independente em uma grande editora? Essa foi a questão levantada pelo jornalista Chico Pinheiro no debate sobre literatura periférica, no último dia 23/08, na Bienal do Livro de São Paulo. Participaram do debate Sérgio Vaz, Allan da Rosa, Sacolinha e Alessandro Buzo, todos escritores da periferia.
O tema deu o tom ao debate, para a maioria deles a periferia tem que mostrar seu trabalho, independente de ser em uma grande editora ou não.
Sérgio Vaz, Sacolinha e Alessandro Buzo já têm livros publicados por grandes editoras, como a Global, já Allan da Rosa publica livros por meio de sua editora independente, a Toró.
Para Sérgio Vaz, idealizador da Cooperifa, a grande editora não representa o sucesso do autor ou não. “Não é a chancela de uma grande editora que vai dizer se a gente é bom ou não”, afirmou.
Allan da Rosa acredita que uma editora independente tem um diferencial positivo que as grandes editoras não têm, a acessibilidade para os leitores, a abertura do caminho para a literatura. “Os livros de uma editora independente chegam aonde os livros de uma grande editora não chegam”, explicou.
A periferia se mostra
Na TV, nos debates, nas livrarias, na Bienal. A periferia está ganhando espaço. Para o escritor Alessandro Buzo a Internet é uma grande aliada nesse trabalho de divulgação da arte periférica. “A Internet foi predominante para divulgar nosso trabalho. Nós só tínhamos a grande mídia, que geralmente não abre espaço para a periferia, só no caderno policial. Não abre espaço para coisas positivas”, afirmou o escritor, que agora tem um quadro no programa Manos e Minas, da TV Cultura.
Os saraus abriram espaço para as pessoas expressarem suas opiniões, mostrarem sua arte e imergirem no mundo da literatura. “A gente incentivou a ler, mas também incentivou a escrever”, ressaltou Sacolinha.
“A periferia está vivendo sua primavera de Praga, a nossa Bossa Nova. Nós conseguimos reunir 500 pessoas para ouvir poesia e isso brotou das ruas de terra, do chão puro, do esgoto, da porta de escola, do aposentado que não recebe o salário. Isso não é revolução, é evolução. O povo quer isso, nós estamos vivendo na periferia como se fosse outro país”, disse Sérgio Vaz a respeito dos movimentos culturais que surgiram e estão surgindo na periferia.