Meu sobrenome Buzo vem do meu avô italiano. Na escola, faz tempo, os moleques me zoavam porque tinha na TV o palhaço Bozo, então eu escondia o sobrenome, mas não tinha como fugir na hora da chamada, aí já viu: - Alô criançada, o Bozo chegou... Ninguém nunca havia me chamado de Buzo, até que...em vez de virar bandido, virei escritor.
Digo que não virei bandido, porque sempre estive muito próximo do crime e na adolescência fui usuário de drogas, cocaína, tinha tudo para me afundar, mas dei a volta por cima. De 2001 em diante, lancei meu primeiro livro, em dezembro de 2000, por causa do nome na capa, “Alessandro Buzo”, muita gente passou a me chamar de Buzo e pegou, por onde ando, ouço: - E aí Buzo?
Em 2007, na produtora de videos DGT Filmes, onde eu trabalho, mandamos para TV Cultura um projeto chamado BUZÃO – CIRCULAR PERIFÉRICO, que era um programa de meia hora, onde eu, Buzo, chegava na quebrada de “Buzão” (ônibus) e mostrava 3 cenas bacanas do lugar.
Começo de 2008 e o quadro “Mano a Mano”, apresentado pelo Rapin Hood, dentro do programa Metrôpolis da TV Cultura, iria virar um programa, chamado “Manos e Minas” e a TV entrou em contato, explicando que nosso projeto era bom, mas a TV não colocaria dois programas de periferia de uma vez no ar, se a gente não queria adaptar nosso projeto de programa para quadro do novíssimo “Manos e Minas”, topamos na hora, eu, Maurício Falcão, Sérgio Gagliard e Toni Nogueira, minha equipe DGT.
Gravamos um piloto no Itaim Paulista, onde moro, e mandamos. Foi aprovado e estávamos dentro, mas infelizmente o piloto não viria pro ar, com certeza teríamos que voltar ao Itaim Paulista. Mas gravamos o primeiro quadro em Pirituba, zona oestede SP, com o Michel da Silva de acompanhante, fomos no parque, trocar idéia com o RZO, fomos na Biblioteca Comunitária e no Sarau Elo da Corrente, foi ‘loko’ gravar e ver na TV.
Já tinha passado algumas várias vezes na TV, mas agora era eu que apresentava, e mais: faço a produção, e é um corre maravilhoso de fazer, armar, articular em toda quebrada que vamos, e mais, pessoas como Heloísa Buarque de Hollanda, Xico Sá e outros, acham que estávamos registrando a história periférica de uma época, sei lá se é tudo isso, acho até que é, deve virar um filme, sei não.
Nosso segundo quadro que foi pro ar, gravamos no Rio de Janeiro, a princípio eu já iria, para gravar o Programa Suburbano Convicto, que apresento no Site da DGT (www.dgtfilmes.com.br). Mas no meio das idéias com nosso entrevistado, virou o quadro pra TV e falamos com ele que iríamos, mas em vez do site, jogaríamos na TV e assim foi com MV Bill na Cidade de Deus, fomos (eu, Toni, Gag e Marilda) de carro, muito bom ter ido e conhecido a CDD com o Bill que nos recebeu muitíssimo bem. Depois veio o Parque Bristol com o Terno. E finalmente no quarto quadro voltamos ao Itaim Paulista, afinal tinha dado sorte ao piloto e não tinha ido pro ar, de novo o Beto Guilherme, sambista meu amigo, foi o nosso acompanhante. Depois veio Chacará Santana, Jd Brasil, Fundação Casa – Unidade Itaquera, Osasco, Jardim Leme, Bixiga, Suzano, Heliópolis e vamos gravar agora em Itapevi, Diadema, Praia Grande e por aí vai, de quebrada e quebrada de Buzão, na fé e na disposição, mostrando a vida real na TV, mas não como sempre foi mostrada, no Datena e tantos outros, e sim a periferia que cria.
E por mais ‘loko’ que possa parecer a TV apostou, claro que ser a TV Cultura, referência de qualidade, ajuda bastante. O próprio programa, apresentado por um negro da periferia, meu ‘cumpadi’ Rappin Hood, que está toda quarta-feria no ar, em horário nobre (19h30), evolução. Revolução sem o (R).
Como diria o meu amigo Thaíde, “vamo que vamo que o som não pode parar”.
Acesse ainda:
www.buzao.blogger.com.br, para saber mais do quadro e assistir os que já foram pro ar, e o Suburbano Convicto (www.suburbanoconvicto.blogger.com.br), para saber dos corres desse que vos fala.
Um abraço a todos e ‘tamos’ aí, nos livros, na TV.
Tudo nosso !!!!
Alessandro Buzo
alessandrobuzo@terra.com.br
*Alessandro Buzo é escritor, morador do Itaim Paulista e apresentador do quadro Buzão – Circular Periférico, do programa Manos e Minas, da TV Cultura. Autor dos livros O Trem - Baseado em fatos reais (2000), Suburbano Convicto - O Cotidiano do Itaim Paulista (2004), O Trem - Contestando a versão Ofi cial (2005), Guerreira (Global editora - 2007), Favela Toma Conta (Aeroplano Editora - 2008), e organizador das coletâneas literárias: Suburbano Convicto - Pelas Periferias do Brasil (2007) e Pelas Periferias do Brasil - VOL II (2008).